Como acontece o vício do cigarro
17/01/2023
Cada cigarro tem sua combinação de estimulantes, drogas adicionadas a ele para aumentar o desejo pelo fumo, e que agem de forma diferente em cada pessoa, tornando sua experiência única. Mas sem dúvida a pior delas é a nicotina, droga que age acelerando os sistemas corporais e, sete segundos após a tragada, interfere diretamente no sistema nervoso, bloqueando sintomas de estresse e ativando sensações de calma. Em outras palavras, causa uma sensação de bem estar no fumante.
A nicotina estimula a produção de adrenalina, que estimula o corpo elevando a pressão do sangue e aumentando os batimentos cardíacos. O ritmo da respiração se eleva e o fumante fica em estado de alerta. A droga estimula também a liberação de dopamina, que age no sistema de recompensas do cérebro (“ah, eu merecia esse cigarro!”), e imediatamente libera uma sensação de relaxamento e alívio das tensões.
Conforme o hábito de fumar vai se estabelecendo, no entanto, o corpo vai desenvolvendo uma tolerância à nicotina. Isso significa que serão necessárias cada vez doses maiores da droga para que o fumante consiga atingir os mesmos efeitos que antes conquistava com poucos cigarros. Entretanto, ela deixa de agir no organismo após 20 a 30 minutos, quando então o sistema nervoso volta a funcionar com o sistema do estresse ativado, o que faz com que logo surja a vontade de acender outro cigarro.
Há, ainda, outro sintoma do vício que pouquíssimas pessoas percebem: seus efeitos psíquicos. A sensação de bem estar causada pelo fumo é logo associada a ações do dia a dia, o que cria gatilhos que tornam difícil executar determinada atividade sem acender um cigarro. Exemplo disso? Tomar um café ou beber uma cerveja sem fumar parece impossível para quem já está acostumado com essa rotina. Essa é a chamada dependência comportamental. Há, ainda, o que chamamos de dependência psicológica, que é o uso do fumo como uma muleta emocional. A pessoa fuma quando está triste, sozinha ou irritada.
Exatamente por todos esses motivos é que largar o vício não é fácil. A simples abstinência do fumo por algumas horas traz efeitos colaterais intensos, como ansiedade, depressão, dores de cabeça, dificuldade de concentração, problemas de sono e desejos incontroláveis por mais um trago, sintomas que vão crescendo conforme a abstinência avança. Além disso, os dependentes comportamentais e psicológicos enfrentam, ainda, as dificuldades impostas pela recorrência das situações em que eles costumavam acender os cigarros. Sim, eles vão ter que aprender a tomar a cervejinha sem fumar, e isso pode não ser sustentável a longo prazo.
Justamente por isso é que, se abandonar o vício é muito difícil pra você, o melhor é que busque ajuda especializada para superá-lo. Estudos mostram que as pessoas emocionalmente bem preparadas e que encontraram outras formas de prazer, como a prática de exercícios físicos, são mais aptas a enfrentarem os sintomas de abstinência, e acabam tendo maiores chances de sucesso em abandonarem o vício para sempre.
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